Geografia
Crítica foi insuflada na década de 60, postura radical, frente à realidade
social, proposta de uma Geografia militante, lutando por uma sociedade mais
justa. A tendência radical concentrou-se inicialmente numa crítica da ideologia
e das práticas geográficas. Colocou em questão o racismo, o classismo, o
etnocentrismo e o sexismo nos textos de Geografia e no ensino da matéria.
Atacou
a posição dominantemente positivista dos geógrafos como uma manifestação da
consciência empresarial burguesa, como Ellen Semple, cujo pensamento estava
baseado no determinismo geográfico, acreditava que o meio físico tem papel mais
preponderante do que a ação humana e sua cultura na transformação espacial,
onde o meio determina o homem. Esta Geografia radical denunciou o papel dos
geógrafos nas iniciativas imperialistas e no planejamento urbano e regional
dirigido para controle social no interesse da acumulação capitalista.
Buscou
revelar os pressupostos ocultos e as tendências de classe no interior da
Geografia por meio de uma severa crítica das suas bases filosóficas.
Buscou-se
também identificar e preservar as facetas da Geografia relevantes para a
reconstrução socialista e fundir os aspectos positivos da Geografia burguesa
com um entendimento reconstituído da Geografia, subjacentes aos textos de Marx
e Engels. Alguns geógrafos usaram a descrição como denúncia da realidade, entre
eles temos Josué de Castro e Lacoste, Pierre George introduziu alguns conceitos
marxistas na discussão geográfica.
Muitos
geógrafos marxistas buscam percepções mais profundas sobre a maneira pela qual
diferentes formações sociais criam paisagens materiais e sociais a sua própria
imagem, como David Harvey, ele coloca a luta de classes no centro dos debates
temáticos da Geografia. Explora a maneira pela qual o capitalismo transforma e
cria a natureza sob a forma de novas forças produtivas que se implantam sobre o
solo e coloca em movimento processos irreversíveis, e muitas vezes
prejudiciais, de mudança ecológica. Examina como as configurações espaciais das
forças produtivas e das relações sociais são criadas e com que efeitos: o
desenvolvimento geográfico desigual, a integração espacial do capitalismo
mundial por meio da mobilidade geográfica do capital e do trabalho. Procura
explicar como a exploração de pessoas o de um lugar por pessoas de outro lugar
(as periferias pelo centro, as áreas rurais pelas cidades) pode surgir numa
formação social dominada pelo antagonismo entre o capital e o trabalho.
Os geógrafos procuram compreender como as
crises econômicas se manifestam geograficamente através de processos de
crescimento e declínio regionais, outros são ecléticos, como Edward Willian
Soja, cujos trabalhos são voltados para o planejamento urbano, baseando seus
estudos no materialismo histórico, fazendo uma poderosa crítica ao historicismo
e a seus efeitos que restringem a imaginação geográfica, defende um repensar da
dialética do espaço, do tempo e do ser social.